Mechanical Man

Os dias passam e eu sempre volto pra cá.
Dessa vez pra um desabafo.

Da última vez falava sobre deixar tudo fluir naturalmente...
E esse é o problema: nada está acontecendo.
Estou mergulhada na rotina estressante, maçante e isso está me consumindo aos poucos.

Realmente, a coisa que eu mais abomino (ok, depois de baratas) é a rotina.
E é a primeira vez que eu lido com isso dessa forma.

Saudade dos tempos em que do nada eu decidia ir a algum lugar ou fazer alguma coisa e um ou outro amigo legal topava. ("To com vontade de comer comida chinesa, vamos?"; "Vamos alugar um filme?"; "Se você não for comigo meu filho vai nascer com cara de sorvete.").
De jogar tudo pra trás e me esparramar no campo.
Saudade dos dias em que tudo era surpresa, nunca se sabia o que ia acontecer.
Tudo era possível.

E agora a vida parece tão sem graça.
Não que às vezes não apareça algo inusitado (como clientes que tentam telepatia com você e voltam para tentar resolver seus problemas existenciais ou garotinhos que te seguem até o ponto de ônibus).
Mas o fato é que agora esses momentos são exceção.
E antes eles predominavam, tornando a vida alegre, dinâmica, tão legal quanto nos livros de J.G.
Tudo virou automático.
As pessoas à minha volta agora são normais demais, regradas demais, pontuais demais.
São mecânicas.
E qual é a graça de tudo isso?
Quando a vida vira uma obrigação?
Vira um sistema, uma equação, algo sempre com o mesmo resultado?
Ela simplesmente perde a magia, o encanto.
Eu não consigo viver assim.
Acho que vim com defeito, sem o botão de ligar e desligar.
Eu só sei viver. Viver por completo.



Me sinto como se tivessem me tirado da minha realidade e me jogado em outra, aleatória.
Alguém me leva de volta?

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