Clandestino.

Sinto-me uma estranha. Numa casa que não é a minha (será que existe esse lugar chamado lar?), com uma pessoa que pareço não conhecer mais.

Damos voltas e voltas, mas sempre chegamos no mesmo ponto. O ponto em que nada mais dá certo.

As opiniões não se encontram, a gentileza acabou, as vontades, sonhos, desejos: tudo se partiu e segue em estradas diferentes, sem previsão de se encontrar. E o que ficou?

Esse buraco crescente na alma, uma frustação eterna de não ter feito o que queria, ou de querer demais fantasia. Essa solidão sangue-suga, que não abandona, é a companheira da ausência de quem se quer.


E quem se quer afinal?
Uma projeção de quem foi?
Uma cópia de outro que partiu, que deixou saudades?
Um ser que habita a memória das fantasias que nunca existiram?

Não sei dizer. Aliás, esse é o problema: não sei dizer.
Balanço num mar de indecisão e medo, aonde não existe a coragem para proferir as palavras fatais/finais.

Eu não quero ficar só.