J.G.

Quando chove é impossível não entrar numa sessão nostálgica.
E agora, enquanto os pingos caem parecem acompanhar as lágrimas.

Eu sempre gostei de ser dramática.
Sem intenção, só por força do hábito.
Talvez porque eu fosse diferente. Porque eu sou diferente.
E sempre enxergo numa perspectiva de quem não é daqui, de que não pertence a lugar nenhum.

A única coisa que enxerguei direito até agora foi você.
E não tenho medo, nem vergonha ou receio de dizer isso.

Eu tenho a lembrança da tua face assustada do primeiro dia em que te vi bem guardada.

Mas as coisas mudam. As coisas mudaram.
E no giro do mundo, só eu fiquei estática, imagino.
Tudo passou, eu fiquei na lembrança.
Eu continuo querendo aquela pessoa tímida e sem jeito de dois, quase três anos atrás.

Talvez eu não tenha aprendido muita coisa nesse tempo todo.

A coisa mais doída não é não te ter emocionalmente, fisicamente.
É saber que a pessoa mais rara do mundo agora não existe mais.

Eu só pergunto: o que aconteceu pra te tornares assim?

Eu continuo aqui, esperando um curinga aparecer.
Mas o que fazer se o único que eu conhecia se tornou tão cego quanto as outras cartas do baralho?

Nenhum comentário: